sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Sem controle,

Não entendemos muito do universo e todas suas maravilhas, tudo isso ainda é muito complicado para nossa mente absorver. O máximo que conseguimos é tentar, nisso gastamos boa parte de nosso tempo. Tentamos compreender como tudo funciona, e nos decepcionamos ao perceber que tudo é muito complexo para se entender, nos frustramos pois queremos obter respostas para as milhares de perguntas que temos, mas o que achamos são mais becos sem saídas, mais perguntas sem respostas.
Há coisas que acontecem, mas que estão fora de nosso alcance, simplesmente não podemos muda-las. Em nossa cabeça não compreendemos o propósito delas, já que estas interromperam as expectativas que tínhamos dado a cada momento em nossas vidas. Aceitar o desfazer de coisas que para nós dariam certo é muito difícil e na maioria das vezes incompreensível, já que apostamos alto jogando todas nossas fichas nelas. Vê-las ir embora sem poder fazer nada, com as mãos atadas é de uma dor indescritível e o que somente resta é a esperança. A esperança de que um dia elas voltem.
Quando essa dor diminui começamos a ver melhor, como se a névoa que se formara em nosso campo de visão fosse se dissipando e voltássemos a enxergar tudo como deveria ser. A dor da perda ainda está lá, guardada em um local de difícil acesso, mas agora ao invés de tentarmos compreender como tudo funciona tentamos aceitar o que acontece, já que não podemos mudar o que acontece, temos que nos adaptar.
No fim das contas tudo é maior do que podemos imaginar, e o que aconteceu uma hora ou outra iria ocorrer, nosso controle sobre as coisas é mínimo, escolhemos apenas qual caminho ir e ele nos levará o resto do percurso. Se foi assim que teve que ser, então é assim que será. O melhor ainda está por vir.

Benevides.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Dois mil e onze,

Nesse ano aprendi muito, pois vivi coisas pelas quais nunca havia passado, e além delas, outras que se repetiram me mostraram detalhes que eu não tinha reparado pela primeira vez. Me senti privilegiado em vários momentos desse ano, pois pude conhecer e me aproximar de pessoas incríveis, que hoje não me veria sem tê-las comigo. E aos velhos companheiros de estrada não há palavras que possam descrever, nomear, explicar o que vivemos. Alegrias e tristezas que no final sempre terminavam do mesmo modo: sorrisos.
Dois momentos em especial trouxeram novas experiências, cada um de sua forma e de modos diferentes me ensinaram muitas lições que levarei para toda minha vida. Há quem diga que esses momentos tão breves não trariam nada a acrescentar, mas há quem diga também que não importa o tempo, e sim a intensidade de cada instante.
Com o passar do tempo aprendemos a lidar com muitas coisas em nossa vida, amadurecemos os nossos sentimentos, nossos pensamentos, mas a perda nos mostra que não estamos preparados para tudo, ela confunde nossa cabeça e faz com que duvidemos de tantas coisas e julguemos tantas outras.
E infelizmente houveram várias perdas esse ano, trazendo consigo tristezas e inseguranças, mas que foram superadas com o auxílio de familiares e amigos, que são o nosso ponto de apoio em todas as horas. Em uma dessas perdas, Deus levou consigo Seu Dionísio, o pai, avô e bisavô... meu avô, que apesar da dor da partida sabemos que está em um lugar muito bom e, mas que continua olhando e cuidando de todos os seus entes queridos.
Hoje não me sinto tão completo como gostaria, algo ainda está faltando, mas não posso querer ter tudo. Esse ano está terminando, porém “nem tudo que termina é o fim”, 2012 vem ai e que ele traga consigo muitas coisas boas.

Benevides.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Mergulho,

A água está fria, no primeiro momento luto contra aquela onda de arrepios que passam pelo meu corpo, me enrijeço da cabeça aos pés tentando suportar tamanho frio. Após algum tempo a temperatura deixa de ser prioridade dando lugar a respiração, agora eu precisava encher meus pulmões de ar, sendo assim procuro chegar à superfície o mais depressa possível.
Uma tarefa que parece simples de se fazer, apenas nadar até chegar ao topo, mas que na prática era bem mais complicado, parecia que quanto mais eu nadava mais fundo eu parecia estar. E a cada braçada que eu dava o cansaço e o medo tomavam conta do meu corpo, cada músculo começara a relaxar, a partir daí percebi que já usara todas minhas energias e não havia mais nada que pudesse ser feito.
Tudo pelo qual eu havia lutado em toda minha vida começara a se desfazer naquele exato momento, o que eu almejava um dia conseguir nunca se tornaria realidade, a única realidade é que estava acabado.
Um sonho invade minha mente e me lembra de todas as coisas que vivi, boas e más lembranças, arrependimentos pelo que fiz e pelo que deixei de fazer, comemorações, brigas... realmente tudo, como se fosse um retrospecto de toda minha vida, e fiquei feliz por ver o rosto de tantas pessoas queridas naquele último momento. Exausto desisto de toda aquela luta e volto a sonhar, pelo menos em meus pensamentos eu não estava só.

Benevides.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Fogos de artifício,

Como numa explosão de fogos que começa com o incrível show de luzes, enchendo o céu com uma harmonia fora do comum, que vidra os espectadores até o fim do espetáculo. Infelizmente aquele show não é eterno, após algum tempo só resta a fumaça no céu e as lembranças daquela linda paisagem que se formara em cima de nossas cabeças. A multidão já se espalhava e deixava o local, mas agora me prendia aquele lugar, eu não podia simplesmente sair dali. Então me sento e olho novamente para o céu, e para minha surpresa vejo que os fogos voltaram a fazer seu show, mas ninguém mais estava admirando-o, é como se apenas eu pudesse vê-lo. Continuo sentado e aprecio um pouco mais daquele incrível espetáculo nos céus.
Nem tudo que acaba é o fim.

Benevides.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Laços,

A partir do momento que viemos ao mundo criamos laços com as pessoas, desde o primeiro instante de vida nos apegamos à elas. Ao decorrer do tempo vários laços são feitos e desfeitos, e isso acaba fazendo com que fiquemos inseguros em confiar nas pessoas, assim diminuindo o número de laços que criamos. A vida nos leva a acreditar que a confiança é algo muito difícil de se conseguir, e acabamos nos isolando e evitando novas ligações por não querer confiar e nos decepcionar depois, de novo. Uma manobra de defesa criada com o passar dos séculos, a cada passo que as pessoas dão para se aproximarem de nós, automaticamente damos dois para trás, queremos ter certeza de que aquele terreno a frente é realmente firme, seguro e que não irá desabar com o nosso peso. Mas não estamos nesse mundo para ficarmos sós e aguentarmos todos nossos problemas sozinhos. De que serviriam tantas pessoas no mundo então? Realmente é bom querer estar seguro das decepções, mas tanto com elas como com os erros estamos aprendendo, estamos crescendo. Não transforme laços em nós.

Benevides.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Eterno,

Tudo estava tão bem, tudo em seu devido lugar. Perfeito, esta seria a melhor palavra para descrever toda aquela situação em que me encontrava, eu não poderia estar melhor, nós não poderíamos estar mais felizes. Até a natureza estava colaborando, o clima não podia estar mais agradável... o sol que iluminava e aquecia nossas manhãs, o som das ondas quebrando que vinha de longe, e o perfume das flores que entrava e enchia cada espaço com seu delicioso aroma; e a noite a brisa que fazia nossos corpos se encontrarem para que juntos pudessem se aquecer, deitados olhando as constelações iluminados pela lua que em sua forma vivia sorrindo para nós.
Foi então que um mês passou, tão rápido que parecia que ele havia acabado de começar, mas então me vinham as lembranças de cada momento daquele mês... o melhor de toda minha vida. É, ele não havia passado rápido, durou cada segundo que deveria durar, nem a mais nem a menos. Como eu havia dito: perfeito.
O momento mais difícil de toda viagem chegara, a hora da despedida. Depois de um longo abraço e algumas palavras trocadas era hora de cada um ir para sua casa, sua vida. Só que antes uma pergunta havia de ser respondida, eu não sabia nada sobre ela, mas seu nome eu tinha que saber. Ela hesitou em dizer, pois disse que estragaria tudo aquilo que tínhamos vivido e que eu poderia querer procurar por ela depois. Prometi que não iria procurá-la, e mesmo duvidando disso ela enfim me disse seu nome, que não podia ser outro e combinar tanto com ela. Por fim um último adeus e pronto, estava acabado... a melhor, porém menor parte de minha vida terminara.

40 anos se passaram e eu nunca a esqueci, seu rosto, seu cheiro, seu nome. Por um mês eu a amei mais do que amei qualquer outra pessoa o resto da minha vida. O eterno nem sempre dura para sempre.

Benevides.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Antifóbico,

Ao olhar para os lados ela descobriu que não havia mais ninguém, e uma onda de sensações começaram a passar por seu corpo, um mal estar repentino e calafrios a faziam tremer da cabeça aos pés. Sentiu a solidão tomar conta de cada parte, primeiramente pelo coração, fazendo-o acelerar seu batimentos; e como se um veneno fosse injetado diretamente nele, o sangue bombeado para todos os órgãos começou a bombear também aquele sentimento, que foi se alojando em cada lugar que conseguiu alcançar.
E agora ela encontrava dificuldades em respirar, como se sua garganta estivesse inchando a cada segundo impedindo a entrada e saída de ar. A cada instante sentia a vida se esvairindo do seu corpo, e impotente diante aquela situação desistiu de lutar contra o inevitável, mas o que realmente a incomodava era o fato de estar só, o maior medo de sua vida havia se tornado realidade. Lá estava ela, solitária, enquanto tudo ia embora.
Foi então que ela acordou num sobressalto assustada e enxarcada de suor. "Ufa, era apenas um pesadelo".
Na manhã seguinte, ela pegou seu telefone e ligou para pessoas as quais tinha perdido contato, ou havia tido algum desentendimento. Percebeu que aquele pesadelo não fora tão ruim quanto pensava, dele tirou uma lição muito importante que levou consigo para o resto da vida.
Não somos ninguém sozinhos, nada de material que temos vamos levar para sempre; amigos, familiares, amores, isso sim, esses ficam bem guardados. Esqueça o rancor, o orgulho, isso não levará ninguém a lugar nenhum. Ficar um tempo sozinho ajuda a relaxar, a pensar, mas não muito tempo.
Não deixe seu medo se tornar real.

Benevides.

domingo, 4 de dezembro de 2011

We can,

Labirinto circular,

Olhos, não me canso de admirá-los, eles me fascinam e me intrigam. Gosto de os olhar de longe, de perto, de todos os ângulos possíveis, porém neles me perco... e em muitos não consigo achar a porta de saída, como se eles me levassem para um labirinto complexo, com várias possibilidades de passagens, mas nenhuma que me mostre o caminho certo. Não sei como agir diante do labirinto, se busco desesperadamente a saída mais próxima ou se me aprofundo mais nele, tão secreto e tentador. Então decido dá uma última olhadela antes de tentar sair, já que já estou por lá mesmo deixo me levar um pouco mais por ele. A cada segundo que passa me surpreendo cada vez mais com o que encontro, sentimentos... desejos... segredos... olhares. E quando menos espero me aparece a saída, mas então paro e penso se realmente é isso que eu quero, sair daquela paisagem incrível perante meus olhos, a escolha antes fácil agora se torna um peso. Sento e aprecio um pouco mais daquilo, quando tiver que sair saberei a hora, não é preciso ter pressa. Por enquanto procuro aproveitar ao máximo dos encantos que os olhos me proporcionam.

Benevides.